quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Deixe-se energizar (Ôôôô)

O que faz o corpo mexer
Eu não sei
É um movimento meio rasta
Hey hey hey

Meus pés caminham pra frente
Meu cabelo no vento emaranha
Quem me guia é minha mente
O corpo só acompanha

E é só deixar o vento soprar (ÚÚÚÚÚÚÚ)
Filtrar os sonhos (ÁÁÁÁÁÁ)
Deixe-se energizar (Deixe-se energizar)
Ô Ô Ô Ô

Sinta a vibração
Preste atenção
A intuição não mente
Fé, fé na gente
Sorte?
É o vento quem traz
Amor?
É a gente quem faz
Ô Ô Ô Ô

Deixe-se energizar (Deixe-se energizar)
Toda a energia positiva que há
Deixe-se energizar
Deize-se energizar

A gente vai te ensinar

Você se esforça tentando ser um sujeito normal
Enquanto eu me divirto com qualquer coisa banal
Não estou preocupado em ser ou não sensual
Pois quero bem mais que sexo no carnaval

A gente vive buscando
Não sabemos o quê
Continuamos cantando
Sem termos um porquê
E eles seguem perguntando
O que é Namastê?
Eu saúdo você, irmão
A gente vai responder

Não me interessa a marca do shampoo da tua tia
Além do mais, devo dizer, aquele cheiro me dá azia
E eu não quero saber a porra da tua filosofia
Prefiro coisas simples e bonitas, as quais me causam nostalgia

A gente vive buscando
Não sabemos o quê
Continuamos cantando
Sem termos um porquê
E eles seguem perguntando
O que é Namastê?
Eu saúdo você, irmão
A gente vai responder

Você que pensa que tudo pode comprar
Está enganado, não pode obrigar ninguém a te amar
Acha que sexo é produto, é só pagar
Então escuta essa canção neguinho
A gente vai te ensinar

A gente vive buscando
Não sabemos o quê
Continuamos cantando
Sem termos um porquê
E eles seguem perguntando
O que é Namastê?
Eu saúdo você, irmão
A gente vai responder

Não quero ser uma pessoa hipócrita
Por isso me afasto de pessoas assim
Não ouço conselho de gente idiota
Mas se você quiser mudar, pode vim

A gente te espera de braços abertos
Irmão
A gente não cobra, não banca o esperto
Não
Então
Pode vim, a gente te recebe
De coração

Comendo castanhas debaixo da escada

Comendo castanhas debaixo da escada
Eu fecho os olhos, não penso em nada
De tênis furado e camisa listrada
Curtindo um Bob naquela paulada

Minha mãe pergunta
Que é que cê tem?
Fizeram macumba ou você que tá zen?

Eu digo pra ela
Fica descansada
Só tô viajando
Don't worry e mais nada

Comendo castanhas debaixo da escada
Eu fecho os olhos, Oh Jamming na sala
De tênis furado e camisa listrada
Curtindo um Bob naquela paulada

E toda essa fome
Daonde que vêm?
Seu chama larica
E malandro que têm

E essa canseira
Preguiça? Que nada!
Isso é morgadeira
Rede na sacada

Comendo castanhas debaixo da escada
Eu fecho os olhos matando a lara
De tênis furado e camisa listrada
Curtindo um Bob naquela paulada

E esses olhos vermelhos
Cadê o colírio?
Assumo o que faço
Não disfarço o brilho

O quê? hã? onde? como?
HAHAHAHAHAHAHA
COF COF COF

Tem do Boldinho
Deixa você com um zóinho
E o Cabrobró?
Diz o Donato é o pior
Mas e o Pitanga
Deixa você naquela panca
E o Racha-côco
Já diz o nome é muito louco.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Saúde é argumento falso para proibição da maconha (Cannabis sativa)




Um dos argumentos preferidos dos proibicionistas é que “fumar maconha faz mal à saúde, logo deve ser proibido”. Isso confere uma aparência respeitável às pretensões de controle da privacidade do indivíduo pelo Estado, uma das idéias fundamentais do fascismo. Mas será que os proibicionistas estão mesmo interessados em promover a saúde e o bem-estar alheios?


Se os produtos A e B são perigosos, sendo que A é mais perigoso que B, qual deve ser proibido primeiro? O mais perigoso ou o menos perigoso?

Pois bem, então vamos comparar o número de mortes anuais causadas pela maconha e por outras causas de morte nos Estados Unidos:

Tabaco 435.000
Dieta pobre e inatividade física 365.000
Álcool 85.000
Agentes microbianos 75.000
Agentes tóxicos 55.000
Acidentes de automóvel 26.347
Reações adversas a medicamentos prescritos 32.000
Suicídio 30.622
Incidentes envolvendo armas de fogo 29.000
Homicídios 20.308
Comportamentos sexuais 20.000

Uso de todas as drogas ilícitas 17.000

Anti-Inflamatórios não esteroidais como Aspirina 7.600
Maconha 0

(Fonte: Drug War Facts.)

Uaaaaaaau, já posso ouvir a turba proibicionista enfurecida rosnando: “como é isso? A aspirina, o ibuprofeno, o naproxeno, o diclofenaco, o cetoprofeno e o ácido tiaprofênico matam sete mil e seiscentas pessoas por ano nos EUA, enquanto a Cannabis sativa mata zero pessoas por ano?! Vamos proibir a aspirina!!!”

[Pausa para imaginar a cena e absorver a idéia.]

Aliás, se o argumento de que “se algo faz mal à saúde, então deve ser proibido” fosse válido, que conclusões deveríamos tirar do fato de a má dieta e o sedentarismo matarem cerca de vinte e uma vezes mais que o consumo de todas as drogas ilícitas juntas?

Cadê os discursos indignados da turba proibicionista exigindo a criminalização do comércio e do consumo de salgadinhos gordurosos e o combate implacável às quadrilhas de fast-food?

[Pausa para cair a ficha do que significa alguma coisa matar vinte e uma vezes mais que o somatório de todas as drogas ilícitas sem que ninguém queira criminalizá-la.]

Eu sei que você já entendeu, mas eu faço questão de dizer explicitamente: se alguém exige a proibição e a criminalização do comércio e do uso de uma substância que nunca causou uma única morte mas ignora solenemente o comércio e o uso de diversas substâncias que matam milhares de pessoas todos os anos, é evidente que a motivação destas pessoas não é a preocupação com a saúde de quem quer que seja.

“Ah, mas a aspirina é um medicamento, serve para reduzir a dor, enquanto a maconha é usada para divertimento, não dá para comparar” - dirão os proibicionistas tentando manter a credibilidade de seu argumento.

A resposta tem duas partes.

1) A maconha pode salvar vidas e reduzir muito sofrimento.

Fumar maconha é a única coisa que consegue combater as terríveis náuseas provocadas pela quimioterapia em muitos pacientes com câncer ou leucemia. Nenhum outro medicamento consegue fazer o mesmo. Há inúmeros casos de pacientes que abandonaram a quimioterapia porque preferiram morrer de câncer a suportar o tratamento. Uns poucos baseados teriam salvo estas vidas e evitado muito sofrimento.

Fumar maconha é a única coisa que consegue combater a inapetência que acomete muitos pacientes com AIDS. Nenhum outro medicamento consegue fazer o mesmo. Muitos doentes definharam e morreram enfraquecidos pela falta de alimentação quando poderiam ter readquirido o prazer de comer estimulados pela larica (fome provocada pela maconha). Uns poucos baseados teriam salvo estas vidas e evitado muito sofrimento.

Os produtos derivados da Cannabis são úteis para uma série de outras condições clínicas, como no glaucoma, na dificuldade de absorção de proteínas e outras. Além disso, a maconha é uma excelente fonte de nutrientes, contém todos os aminoácidos essenciais e apresenta uma proporção perfeita entre os ácidos graxos ômega-3 e ômega-6, o que significa que a maconha pode ajudar a combater a desnutrição infantil e melhorar a qualidade nutricional da população em geral.

Uaaaaaaau, já posso ouvir a turba proibicionista animadíssima dizendo: “como é isso? A maconha é o único recurso que pode salvar inúmeras vidas, evitar que muitas pessoas fiquem cegas e garantir o desenvolvimento sadio do organismo das crianças, que são o futuro de nosso país? Vamos já produzir este recurso maravilhoso às toneladas!!!”

[Pausa para lembrar que os proibicionistas alegam preocupar-se com a saúde das pessoas.]

2) Sim, a maconha também é usada para propósitos recreativos. As novelas também. O futebol também. Os computadores também. Os videogames são produzidos especialmente para isso. Todos os brinquedos possuem esta finalidade, inclusive os didáticos.

Cadê os discursos indignados da turba proibicionista exigindo o banimento destas coisas todas porque servem para divertimento?

[Pausa para cair a ficha que divertimento não é um propósito ilícito nem tampouco recriminável.]

Tem mais uma coisinha que eu gostaria que todos lembrassem: mesmo quando aceitam a pesquisa científica para produzir medicamentos a partir da Cannabis sativa, o que é raro, os proibicionistas querem que as pessoas vão para a prisão por causa do comércio e do uso da maconha para propósitos recreativos.

As prisões brasileiras, como todo mundo sabe, são praticamente uma rede de SPAs cinco estrelas, onde os detentos possuem uma vida regrada, segura, distante das atribulações estressantes da vida urbana, em contato com a natureza, com alimentação saudável e uma rotina estimulante de estudos engrandecedores, atividades laborais produtivas e relações sociais harmônicas. Uma maravilha para a saúde. Muito melhor que fumar um bagulho com os amigos.

Conclusão óbvia: proibicionistas não estão interessados nem na saúde nem no bem estar de ninguém, isso é papo furado, é pura hipocrisia.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A Maconha - por Fernando Gabeira

"Folha Explica - A Maconha":

*

Dizer "maconha" é espalhar um rastro de discórdia. Há quem afirme que ela destrói o cérebro e conduz ao crime. Há quem, como o escritor Carl Sagan, a considere maravilhosa. Há os que duvidam, os que ignoram, os que pesquisam e chegam a resultados frontalmente antagônicos.

Nos primeiros meses de 2000, cientistas da Califórnia chegaram à conclusão de que maconha dá câncer e cientistas ingleses concluíram que maconha cura câncer.1

Enterrada num velho túmulo chinês, em forma de sementes na tanga dos escravos negros ou de tecido no corpo de uma garota egípcia, a maconha aparece em toda parte, mas ainda assim não há acordo sobre ela. Há quem ache que surgiu há 8 mil anos; a revista espanhola Cañamo 2 garante que foi há 5 mil. Talvez não seja possível definir precisamente quando a maconha entrou na história da humanidade; mas pode-se acreditar que tenha surgido há muitos séculos, embora reconhecendo que em 3 mil anos de imprecisão fumam-se milhões de baseados.

Em 525 d.C., as autoridades resolveram fazer grandes fogueiras públicas da maconha no Cairo. Em 1999, autoridades brasileiras queimaram toneladas de maconha diante das câmeras de TV. Isso dá idéia de como é antiga esta ambivalência diante de uma planta: uns querendo destruí-la, outros querendo cultivá-la. Do ponto de vista da maconha, a humanidade deve parecer muito louca.

Se a Cannabis sativa fosse uma família, teria dois filhos. São irmãos de sangue, com a diferença de que num deles os exames detectam níveis mais altos de THC --o tetraidrocanabinol. O cânhamo, que entra na produção de 20 mil produtos importantes para a humanidade, tem um nível de THC inferior a 3%. A partir daí, entra em cena sua irmã, a maconha, que produz toneladas de bons e maus sonhos, com um teor de THC em torno de 6%. Na maioria dos países, a plantação de cânhamo e de maconha é igualmente proibida, um irmão pagando pelo outro, o cordeiro pelo lobo.

Pensar que é ilegal plantar cânhamo nos Estados Unidos e que a Constituição dos Estados Unidos foi escrita em papel de cânhamo ajuda pelo menos a entender as grandes fogueiras que se fazem periodicamente para destruir a canábis. Já foi assim com os livros, com a diferença de que naquela época se queria matar a cultura e na nossa querem matar uma planta --sem perceber que se trata, também, de uma cultura, e não só de uma espécie vegetal que se possa levar à extinção.

Nem sempre cânhamo e maconha foram proibidos numa mesma época. No princípio do século 20, famílias norte-americanas se dedicavam à cultura do cânhamo; ainda encontramos cortinas de cânhamo no Nordeste brasileiro, e há referência de uma colônia agrícola no Rio do Grande Sul dedicada à sua produção.3

O cânhamo foi pego nessa fábula do lobo e do cordeiro quase no meio do século, a partir da década de 30. Dois fatores econômicos e sociais devem ser levados em conta para essa inflexão histórica. De um lado, a crise econômica; de outro, a presença crescente de imigrantes mexicanos nos EUA, o que ofereceu ao magnata da imprensa William Randolph Hearst a chance de estabelecer uma relação entre os perigos da alteração da consciência e os do excesso de mão-de-obra. Foi ele quem cunhou a palavra marijuana, associando o medo de uma droga ao medo dos imigrantes que cruzavam a fronteira.

Como sugere Jack Herer, no clássico The Emperor Wears No Clothes,4 essa campanha contra a maconha pode ser vista de outro ângulo: o da guerra da indústria química e petrolífera contra o cânhamo. De fato, essa tese se fortalece com o exemplo de Henry Ford, que construiu um carro de fibra de cânhamo e iria movê-lo com combustível tirado da semente do próprio cânhamo. Era compreensível o embaraço que significava a existência de um versátil recurso renovável, quando se preparava a arrancada do petróleo como um produto estratégico para a humanidade.

O avanço da maconha sobre a juventude dos anos 60 teve peso na determinação de mantê-la proibida, mas também de impedir que o cânhamo saísse da marginalidade econômica a que foi relegado. Esse período marca uma espécie de encontro da maconha com a classe média, e observa-se uma mudança pendular naqueles que a atacavam. Antes dos 60, os ataques concentravam-se na influência da maconha entre os pobres e negros, abrindo-se com isso uma linha de pesquisa sobre o elo entre consumo e criminalidade. Uma linha bastante previsível, uma vez que não era difícil encontrar vestígios do consumo de droga entre os pobres, que além disso estavam desempregados e viviam uma atmosfera de desagregação familiar --enfim, um conjunto de variáveis que persiste até hoje, em muitos pontos do planeta.

A ascensão social da maconha implicou numa guinada, pois era descrita como uma droga que impulsiona o crime e agora se tornava um fator de apatia e desmotivação. Grandes dirigentes mundiais, como Bill Clinton (que "não tragou") e Fernando Henrique (que não gostou), confessaram ter experimentado a planta. As atenuantes que apresentam servem para mostrar como se toleram os excessos de uma época, desde que desvencilhados deles para cumprir as funções sociais.

As teses de que a maconha contribui para desmotivar as pessoas foram contestadas por pesquisas. Mais uma vez, observando pessoas num contexto cheio de variáveis complexas, chega-se a conclusões opostas. O Grande Livro da Cannabis, de Rowan Robinson,5 cita um trabalho feito na Jamaica, demonstrando que filhos de mães que fumam maconha têm um desempenho melhor em dez das 14 características definidas na pesquisa, tais como vivacidade, robustez e orientação.

Num livro de defesa da maconha, Marijuana not Guilty as Charged6, David R. Ford cita o caso de um jovem trabalhador que era extremamente produtivo e deixou de sê-lo quando parou de fumar.

Não confiar cegamente em pesquisas vale tanto para as que são contra quanto para as que são a favor. Resta a observação pessoal como um ponto de referência. Os efeitos mais comuns --relaxamento, alteração do humor, redução da agressividade-- nos autorizam a afirmar que a maconha leva a um estado contemplativo. Independentemente da presença de espiritualidade, é uma experiência humana para muitos indispensável.

Há gente, no entanto, que fuma o mesmo baseado diante do mesmo pôr-do-sol e reclama que nada de novo acontece. A maconha em si não é a resposta para isso. Ela tem de ser procurada no cotidiano da pessoa, em como enfrenta seus desafios, como capitula ou avança em suas decisões íntimas.

É compreensível que se tome a maconha como um sujeito com responsabilidade própria, capaz de ser julgado por seus atos ou contra quem devemos fazer uma guerra. A maconha tem mil e uma utilidades. A milésima primeira é, precisamente, servir de bode expiatório para nossas dificuldades de encarar o real.

Essa busca de estabelecer a linha divisória entre a maconha e as pessoas, tentando evitar que uma substitua as outras, tornou-se mais desafiadora a partir de 1992. Nesse ano, o cientista William Davane identificou um neurotransmissor com as características dos canabinóides, produzido pelo cérebro e dotado de efeitos idênticos aos do THC. Rigorosamente, se reduzimos a maconha ao seu efeito psicoativo, como fazem os seus adversários, pode-se afirmar que todos têm um pouco de maconha na cabeça, independentemente de fumarem ou não.7

A escolha do nome do neurotransmissor descoberto por Davane pode nos levar mais longe: anandamite, da palavra em sânscrito ananda, que significa êxtase. Já se pode dizer que existe uma concentração de receptores de canabinóides nas áreas do cérebro dedicadas a certos processos mentais, como memória, cognição e criatividade.

Uma descoberta desse tipo pode ser integrada aos estudos sobre maconha e espiritualidade, uma vez que a relação entre plantas e consciência religiosa é tão profunda que alguns autores radicais afirmam que sem plantas alucinógenas não teria emergido o sentimento místico.

É razoável admitir que os seres humanos tenham escolhido o segredo das plantas como uma das maneiras auxiliares de explorar o mistério divino. Elas vivem enraizadas na terra e se alimentam dos céus. Obras que traçam a história da planta, como o Grande Livro da Cannabis,8 já mencionado, localizam a presença da maconha nas principais religiões antigas, ora utilizada secretamente por sacerdotes que temem sua difusão entre as massas, ora como um instrumento ao alcance de todos os seguidores.

As referências mais antigas da relação entre maconha e religião se encontram na Índia. Na religião hindu, a maconha está associada a Shiva, a mais paradoxal e completa figura de trindade. Shiva teria brigado com a família e estaria vagando nos campos quando, para buscar abrigo do sol, parou sob uma planta de canábis, esmagou suas folhas e comeu. Um documento colonial inglês sobre a maconha na Índia (Relatório da Comissão Indiana Para Drogas do Cânhamo)9 afirma que a crença hindu era de que aquele que bebe bangue (o nome da canábis) bebe Shiva. "A alma em que o espírito do bangue encontra morada desliza para um oceano do Ser, livre do extenuante círculo de matéria em que se cegou."

O mesmo documento, um apêndice do relatório escrito por J.M. Campbell, adverte os colonizadores: "Proibir ou mesmo restringir seriamente o uso de uma erva tão benigna quanto o cânhamo causaria sofrimento e irritação generalizados e, para amplos grupos de ascetas venerandos, uma cólera profundamente arraigada. Seria roubar do povo um consolo no desconforto, uma cura na doença, um guardião cuja compassiva proteção os livra de ataques de influências malignas e cujo grande poder faz do devoto um vitorioso, superando os demônios da fome e da sede, do pânico, do medo, do feitiço de Maia ou da matéria e da loucura, capaz de meditar em paz no Eterno, até que o Eterno, possuindo-o corpo e alma, o liberte da obsessão do eu e o receba no oceano do Ser".

Essas crenças o devoto maometano partilha plenamente. Como seu irmão hindu, o faquir muçulmano reverencia o bangue como aquele que prolonga a vida, que liberta das cadeias do eu. O bangue traz a união com o Espírito Divino. Tomamos bangue, e o mistério "Eu sou Ele" fica claro. "Tão grande resultado, tão minúsculo pecado."

Para quem não se interessa por termos como espírito divino, oceano do Ser, feitiço de Maia e outras expressões da religião oriental, abre-se um outro caminho fascinante: o de comparar Shiva e a canábis e constatar que, às vezes, parecem feitos um para o outro. Wendy Doniger escreveu um longo ensaio mostrando que se tratava de uma divindade ao mesmo tempo erótica e ascética, combinando duas pulsões essenciais e antagônicas no ser humano.10 As inúmeras versões do mito de Shiva servem para confirmar sua imprevisibilidade. Em quase todas as imagens que aparece, está com o pênis ereto. Alguns de seus seguidores vêem nisso um sintoma de pureza, pois a ereção indica que ele não verteu seu sêmen sagrado. Em certos momentos, entretanto, aparece dizendo que busca uma parceira que se entregue à meditação, como um grande mestre, mas que seja amante lasciva na cama do casal.

Essa ambivalência divina parece ter sido transmitida à maconha. Ela é acusada por seus adversários de reduzir a performance sexual e por seus defensores de ser uma erva afrodisíaca. Qualquer cientista sensato trabalharia a hipótese de que a maconha é inócua, logo pode ser considerada ora afrodisíaca, ora redutora, dependendo da vontade do observador.

Há, no entanto, um certo consenso de que a maconha retarda o orgasmo, e nesse ponto ela se mostra digna de sua associação mítica com Shiva. Muitos religiosos que seguem a linha kundalini da ioga, utilizando ou não a canábis, transformam o sexo numa relação ritual e longa, que às vezes dura todo um dia. Alguns pura e simplesmente retardam o orgasmo por horas. Outros negam o orgasmo como objetivo final e o substituem por uma sensação de unidade com o outro. Em ambos os casos, podemos imaginar Shiva com seu pênis ereto e lembrar a ambivalência da cultura hindu, para a qual a ereção simboliza também a castidade.

O objetivo deste livro é apresentar os debates mundiais, conclusivos ou não, sobre a canábis, respondendo às principais perguntas surgidas nas dezenas de encontros realizados para tratar do tema em universidades e escolas secundárias do Brasil. No primeiro capítulo, mostra-se como a maconha inspirou inúmeros mitos, alguns deles em contradição com os dados apresentados pela experiência científica. No segundo, tenta-se apresentar um histórico da visão brasileira sobre a maconha, sua chegada ao país e seu uso entre os setores populares do Nordeste. Num terceiro momento, busca-se situar a discussão política, procurando mostrar o que há de comum e singular na experiência dos grupos que lutam pela reforma da legislação proibitiva da canábis. Finalmente, um esforço mais árduo ainda, o de tentar descrever o efeito psíquico da maconha, através de fragmentos de escritores e registros de cientistas e pesquisadores.

Frases Desciclopédia sobre a Maconha

É nois na fita mano, aqui nois fuma cocaina e chera maconha
Nerd sobre Maconha

O ideal seria você ter uma hortinha em casa.
Maria Alice Vergueiro sobre Maconha

O cachimbo da paz!
Gabriel Pensador

Legalize já!
Marcelo D2 sobre a Maconha

Biotônico é o cacete, a parada é a Larica
maconheiro sobre maconha

Os melhores preços de Maconha em até 12X
Mercado Livre sobre maconha

A religião é o ópio do povo. E eu pessoalmente prefiro Maconha.
Karl Marx sobre Maconha

E daí como é que é? Fogo na boooooooooooombaaaaa!!!
Ivan Zimmerman sobre Maconha

Fumar maconha causa falhas na memória e outras coisas que eu esqueci.
Marcelo D2 sobre Maconha

Seu playboy maconheiro viado de merda!!! É você que financia essa porra!
Capitão Nascimento sobre Maconha

Adoro!
Faculdade Pública sobre maconha

Prefiro drogas sintéticas! HAHAHA
Faculdade Particular sobre Maconha

Eu sinto que a minha memória anda meio esquisita, eu quero lembrar uma palavra, e esqueço! De repente eu esqueço aonde eu estou... Um dia desses eu esqueci meu NOME. Me chamavam, ham... Helena. Eu olhava e, "será que sou eu? Será que sou eu?"
Maria Alice Vergueiro sobre Tapa na Pantera

Mim fumar.
Velho Índio Ministro da Justiça sobre maconha

Porra, essa merda não é maconha. Essa porra, eu quero maconha
Robin sobre outros tipos de cigarro

O sol é a ponta do Baseado de Deus
Bob Marley sobre Maconha

Vou Apertar mas não vou acender agora...
Bezerra da Silva sobre Maconha

Dizem que maconha vicia. Eu fumo maconha há 30 anos. 30 anos... todos os dias, não pulo nenhum... E não sou viciada!
Maria Alice Vergueiro sobre ... o que mesmo?

Acende o incenso aê que a policia chego...
gil brother sobre maconha

Faz mal nada, vai vendo, eu ainda consigo liberar essa porra.
Fernando Gabeira sobre Maconha

Na União Soviética a maconha traga VOCÊ!
Reversal Russa sobre maconha

Deixa uma paia pro véio queimar!!!
Bezerra da Silva sobre a maconha

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Idéias de Liberdade

Vamos pra praia
Pega a kombi
De bonde não vai dar
De BIKE vou mais longe

Tomar um suco de guaraná
E tentar se animar
Porque depois da Babilônia
Sempre vem o mar

Então ponha aaa
Sua roupa mais colorida
Ponha o dedo na ferida
Exponha aaa
Os seus sentimentos
Dê vazão aos momentos
Proponha aaa
Saírmos dessa cidade
Idéias de liberdade

Me alcança os chinelos
E a seda, por favor
Vamos colher cogumelos
E esquecer o elevador

Eu quero mais paz
Quero mais proteção
Mas isso é a energia quem traz
Não queira mal, não

Não queira mal seu irmão
Não queira nãnãnãnãnãnãnãnão

Energia positiva aaa
Desprender-se é a saída aaa
Idéias de liberdade ih ih
Fuja da sua cidade ih ih